16. CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSEIS
❛ ato um: cálice de fogo ❜
DEPOIS DE SEMANAS e dias de estudo de todos os alunos de Hogwarts, a semana das provas finais começou. Eles faziam aproximadamente três exames por dia e cada exame era pior que o anterior, mas o que mais preocupava Erika era a história da magia. Não que ela não confiasse nas pequenas aulas de Hermione, mas não confiava em suas próprias habilidades. Ao receber os papéis de Binns, ele sentiu uma ansiedade terrível percorrer seu corpo, mas de uma forma ou de outra ela se forçou a se concentrar e a responder cada uma das perguntas.
Todos os dias, após terminar um exame, o quinteto de texugos voltava para a sala comunal para revisar os exames do dia seguinte, sem se dar muito tempo para descansar além da hora de dormir.
Um dia Susan chegou atrasada ao quarto para o exame de astronomia. Ela pensou que quando chegasse encontraria suas amigas dormindo, mas ficou surpresa ao vê-los em suas respectivas camas, mas rodeadas de livros e pergaminhos estudando para transformações.
— Amanhã é o último exame. — Susan comentou caminhando em direção a sua cama exausta, pronta para estudar como suas amigas. — Querem fazer alguma coisa depois da prova?
— Sinceramente, vou dormir. — Erika respondeu enquanto lia, mordendo o polegar.
— Você deveria fazer o mesmo, Susan. Deveria ser ilegal fazer um teste à meia-noite e depois outro às 8 da manhã. — Hannah comentou, fechando seu livro e guardando os pergaminhos enquanto bocejava. — Não sei você, mas vou dormir.
Erika decidiu ir dormir também, exceto Susan que ficou acordada por mais alguns minutos para pelo menos revisar um pouco.
Assim, a semana de exames passou e todos tiveram um merecido descanso no final de semana. Os cinco amigos decidiram fazer um pequeno piquenique perto da cabana de Hagrid. Cedric juntou-se ao piquenique com Cho, que havia terminado seus NOMs e podia relaxar depois de passar quase um ano inteiro estudando sem parar.
— Espero ver essa mesma dedicação para ajudar nos estudos quando fizermos nossos NOMs. — Erika fingiu aborrecimento, fazendo Cedric e Cho rirem.
— Nós dois podemos te ajudar, não tem problema. — a Corvinal propôs com um sorriso.
— Para mim é um problema. — Cedric brincou, ganhando um olhar irritado da menor.
O fim de semana passou rápido e como era segunda-feira alguns resultados ficaram prontos. Na aula de história da magia Binns comentou que estava com as notas prontas e que ficou surpreso com o desempenho. Ele nunca especificou se ficou surpreso positivamente ou negativamente.
Chamando cada um para a frente, ele distribuiu o pergaminho com as qualificações de cada um. Assim que ouviu seu sobrenome, Erika se levantou e caminhou sob o olhar de todos os presentes, inclusive Hermione. Frukke pegou o pergaminho e Binns manteve uma expressão séria, sem lhe dar qualquer indicação se havia passado suficientemente ou não. Ela caminhou até seu assento ao lado de Neville e os dois olharam nervosos para o pergaminho, não apenas estavam atentos, mas Hermione havia se virado especialmente em busca de qualquer sinal de decepção ou celebração. Ao ler que havia passado na matéria, a garota de olhos azuis se levantou surpresa, chamando a atenção de todos. Neville sorriu surpreso ao ver sua amiga que não conseguia acreditar que ela havia obtido uma nota quase perfeita.
— Senhorita Frukke, por favor, sente-se. — Binns perguntou ao notar o pequeno espetáculo que a Lufa-Lufa estava causando.
— Ah... Sim, eu... Desculpe... — Erika gaguejou, sentando-se novamente, segurando um sorriso enquanto mordia a ponta da língua.
Ela procurou por Hermione rapidamente, seus olhos se encontraram e ambas sorriram largamente. A Grifinória notou um brilho especial nos olhos azuis da garota, era um brilho de felicidade perceptível, um brilho que ela não se importaria de ver mais vezes. Com alguns sinais manuais, Erika pediu a Hermione para falar depois da aula e Hermione aceitou imediatamente.
Assim que foram avisados do fim da aula, a Lufa-Lufa se levantou, Hermione pegou suas coisas e quando se virou foi cercada por braços fortes em um abraço grande e apertado. Seu rosto não pôde evitar ficar com uma cor um tanto avermelhada devido ao quão repentino foi, Harry e Ron se entreolharam se perguntando o que diabos estava acontecendo.
— Hermione Granger, você é a melhor coisa que já aconteceu neste mundo! — Erika exclamou e depois se separou do abraço. — Passei e é realmente a melhor nota que tive nessa aula!
O sorriso de Erika deixou Hermione sem palavras, acrescentando o abraço repentino que a pobre garota foi absorvida.
— Eu... Obrigada? Quero dizer, de nada. — Hermione falou sem jeito, fazendo Ron rir um pouco.
— Deixa eu encontrar uma forma de te agradecer, algo que você gosta de comer? Um lugar para visitar? — Erika perguntou com total emoção.-
Ron abriu a boca um tanto divertido, mas Hermione imediatamente o deteve com a mão.
— Você não deveria me dar nada em agradecimento, Eri. Saber que minhas aulas particulares ajudaram você é o suficiente para mim.
A Lufa-Lufa balançou a cabeça rapidamente e começou a recuar, ainda com a emoção à flor da pele enquanto olhava para Hermione com um sorriso reprimido.
— Devo agradecer de alguma forma, mas vou ver como.
Com isso, ela saiu da sala perdida em pensamentos, ainda com um pequeno sorriso no rosto por causa de sua alta nota em história da magia.
O trio dourado se entreolharam um pouco confusos, mas quem mais gostou do momento foi Rony. Ele achou Frukke bastante engraçada no sentido de que ela era muito expressiva e enérgica do nada quando algo a excitava, o que ia muito contra a personalidade de Hermione e as duas agora sendo amigas foi surpreendente.
— Ela não gosta de receber presentes mas ela pode dar um? — Harry murmurou com leve indignação.
— De quem ela recusou um presente? — Ron perguntou enquanto eles saíam da sala.
— Ninguém, Harry se ofereceu para lhe dar um presente de agradecimento por praticar o feitiço de invocação, mas ela disse que não era de receber presentes. — Hermione respondeu erguendo levemente os ombros.
O ruivo assentiu em compreensão, nem ele nem Harry perceberam que o coração de Hermione não havia se acalmado desde que ela foi surpreendida por aquele abraço. A princípio a garota pensou que era por causa da surpresa, o abraço repentino a surpreendeu fazendo seu coração acelerar, mas se fosse assim... Seu coração teria voltado ao normal segundos depois.
Seu coração continuou a bater com uma emoção estranha minutos após o ocorrido.
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A descida até a cabana de Hagrid foi íngreme, rochosa e um pouco escorregadia. Embora existissem escadas que facilitassem o caminho, isso não significava que já fossem velhas e algumas quebradas ou mesmo deslocadas.
Mas na verdade isso era irrelevante quando você descia rapidamente e com entusiasmo. Hagrid havia mencionado a Erika pela manhã que ela deveria ir à cabana dele depois do almoço naquele domingo porque ele havia recebido alguns cachorrinhos Crup para treinar antes de serem enviados ao Ministério da Magia para serem adotados. Essas criaturas eram muito parecidas com os cães trouxas, a única diferença era que suas caudas eram duplas e eram ferozes com os trouxas. Para obtê-lo era necessário preencher uma papelada do ministério e por isso era comum vê-los acompanhando guardas que monitoravam diariamente o ministério.
Assim que a Lufa-Lufa chegou na entrada da cabana, ela parou para recuperar o fôlego e arrumar as roupas. Ela engoliu em seco e foi bater na porta da cabana de Hagrid. Ela ouviu seus passos barulhentos pela cabana antes que a porta se abrisse revelando o semigigante que a recebeu com um sorriso.
— Erika! Entre, entre... — totalmente animado, Hagrid caminhou em direção ao interior de sua cabana enquanto a garota de olhos azuis entrava. — Quer beber alguma coisa? Seu rosto está um pouco vermelho, você veio correndo?
— Sim, queria chegar rápido para poder ficar mais tempo com os cachorrinhos. — Erika confessou enquanto observava Hagrid encher um copo com água. — Eles estão na reserva?
Hagrid se virou com o copo d'água na mão e o colocou na mesa na frente de Erika enquanto balançava a cabeça.
— Não, são muito pequenos. Além de ainda precisarem de companhia, não posso deixá-los na reserva... Me sentiria mal com eles tão pequenos e sozinhos. — ele confessou com uma cara um pouco triste.
Erika sorriu um pouco enquanto bebia água de seu copo, Hagrid tinha um coração de ouro com criaturas e era adorável que ele não quisesse deixar os filhotes sozinhos.
De repente bateram na porta da cabana, Erika inclinou levemente a cabeça já que não esperava que mais pessoas chegassem naquele momento. Hagrid abriu a porta e, para uma surpresa que não deveria ser surpresa, o trio dourado estava de pé, cumprimentando o meio-gigante com grandes sorrisos. Assim que entraram na cabana ficaram surpresos ao ver a Lufa-Lufa sentada e acenando com um pequeno sorriso. Os três acenaram de volta enquanto Hagrid juntava as mãos, fazendo-as tocar para chamar a atenção.
— Bom! Agora que estamos todos aqui, vamos visitar os mais pequenos. — Hagrid disse abrindo a porta para sair com os quatro alunos atrás dele.
— O que você disse que eles eram, Hagrid? — Ron perguntou enquanto cercavam a cabana.
— Crups! Eles são cachorrinhos, então eu tinha certeza que vocês gostariam de vê-los antes de crescerem. — ele disse enquanto ria baixinho.
Os cinco cercaram a cabana e encontraram um pequeno cercado de madeira, Hagrid certamente fez isso rapidamente assim que soube que receberia os cachorrinhos. Lá, três cachorrinhos Crup corriam entre si abanando o rabo. Os rostos de cada um dos presentes suavizaram-se diante do carinhoso cartão-postal, Hagrid se aproximou para abrir o pequeno curral e entrar com os demais.
— Eles são iguais aos cães trouxas. — comentou Hermione, vendo-os com um sorriso terno.
— Eles são! Ao contrário dos cães trouxas, eles têm personalidades muito fortes. — Hagrid respondeu olhando para os pequenos e depois para os alunos. — Eles ainda precisam de um pouco de treinamento, mas estão melhorando a cada dia.
Harry se aproximou de um deles agachado, o cachorrinho imediatamente abanou o rabo para ele e subiu em seu colo começando a lamber sua mão fazendo-o rir. O outro cachorrinho correu em direção a Ron para morder suas calças, fazendo-o reclamar, brincando, dizendo a Hagrid que ele não tinha treinamento de boas maneiras. O terceiro cachorrinho estava parado, olhando para Hermione que tentou se aproximar, mas se afastou quase rosnando. O rosto da Grifinória estava claramente confuso e um pouco desapontado, ela esperava receber a mesma atenção e tratamento que seus dois amigos. Hagrid e Erika perceberam isso e se entreolharam.
— Os grupos tendem a ser relutantes com os trouxas. — Hagrid comentou enquanto Erika se aproximava do crup rabugento. — É uma forma de diferenciá-los dos cães trouxas, além do rabo, claramente. Mas é estranho que ele se comporte assim com você, Hermione.
Erika pegou o pequeno e começou a acariciar sua barriga sob o olhar atento de Hermione. A Lufa-Lufa sorriu para o cachorrinho enquanto falava baixinho com ele, dizendo sabe-se lá o quê. A imagem era fofa, a menina de olhos azuis acariciava as patinhas e tudo para acalmar a criatura. Granger observou a garota brincar com o cachorrinho como todos os outros e ficou de lado enquanto Hagrid olhava para ela com um pouco de tristeza. Ele pensou que os cachorrinhos perceberiam que ela era uma bruxa assim como todos os outros presentes.
De repente, com o cachorrinho nos braços, Erika se aproximou de Hermione com um leve sorriso.
— Você não deveria agir assim, Hermione é uma bruxa como nós. — Erika disse suavemente para o Crup. — Melhor que todos nós... — ela sussurrou para ele.
O coração de Hermione deu o maior salto de toda a sua vida, presenciar isso, ouvi-la falar assim dela com sua voz suave, quase frágil, foi... Algo incrível. Pior foi quando ela viu como a Lufa-Lufa se aproximou dela com a intenção de passar o cachorrinho para ela, mas seu cérebro demorou tanto para processar que essa era sua intenção que ela encarou a garota de olhos azuis atentamente, fazendo com que Erika ficasse um pouco nervosa. Assim que Hermione saiu de seu pequeno transe graças a um latido do Criup que mordia os óculos de Harry, ela recebeu o cachorrinho, que dessa vez não rosnou para ela nem nada parecido, fazendo seus olhos brilharem de excitação e ternura ao mesmo tempo. tempo.
— Eles são... Muito pequenos. — Hermione murmurou surpresa enquanto se sentava no chão para que o cachorrinho pudesse deitar em suas pernas.
— Eles são. — Erika disse com um sorriso, sentando na frente da Grifinória. — Que bom que esse garotinho veio para você.
Hermione sorriu suavemente ainda observando o Crup que rolou sobre suas pernas e depois se deitou e fechou os olhos.
— Obrigada por acalmá-lo e fazê-lo se aproximar de mim.
— Não tem problema, você ficaria de fora se ele continuasse se comportando assim. — Erika disse. — Se você está aqui deveria acariciá-los e brincar com eles assim como nós.
Hermione assentiu. — Sério... Você tem um talento especial com eles.
Erika encolheu os ombros um pouco envergonhada e desviou o olhar.
— Talvez seja de família... — Erika murmurou, contendo um sorriso.
Nesse mesmo momento Harry gritou, surpreendendo a todos, o cachorrinho que ele acariciava vilmente roubou seus óculos ao correr por todo o curral com Harry atrás dele. Rony se juntou à caça ao cachorrinho, mas ele correu tão rápido que, ao passar entre suas pernas, derrubou o ruivo ao mesmo tempo em que o segundo cachorrinho passou por cima de seu rosto.
— Pegue ele, Rony! — Harry reclamou, tentando acompanhar com dificuldade a criatura que aos seus olhos era um simples borrão de cor creme.
— Deixe-me levantar. — Weasley respondeu, levantando-se, olhando na direção das duas garotas por alguns segundos. — Não fiquem apenas olhando e ajudem!
— Estou ocupada, Rony. — Hermione respondeu séria, apontando para o cachorrinho dormindo em suas pernas.
O ruivo bufou e Erika levantou-se lentamente tentando ajudar a parar o cachorrinho também. Parecia que ele era o mais esquivo de todos já que nocauteou Rony, Harry e Erika mais de uma vez se esgueirando entre suas pernas, o segundo cachorrinho parecia ser o assistente do ladrão já que mordeu o cadarço do tênis de Erika fazendo-a tropeçar e caiu ao lado de Ron no chão, Harry encurralou o cachorrinho ladrão no canto do cercado, mas ele simplesmente passou por suas mãos rapidamente, tornando difícil para o míope diferenciá-lo de uma mancha no chão. Finalmente Hagrid interveio rindo baixinho mandando o cachorrinho parar e isso imediatamente parou, os três se entreolharam incrédulos se sentindo um pouco estúpidos por não terem tentado pará-lo simplesmente dando-lhe uma ordem.
Hagrid devolveu os óculos para Harry que agradeceu com um sorriso, junto com Ron e Erika, suas roupas estavam sujas e um pouco suados por terem corrido atrás do cachorrinho. Na hora de ir embora, Rony se aproximou de Hermione, levantando os braços para irritá-la, fazendo-a sentir o cheiro das axilas da maneira mais nojenta possível. A morena rapidamente o empurrou, começando a reclamar do quão nojento aquilo era sob a risada de Weasley enquanto ele conseguiu deixá-la com raiva.
— Que bom que você gostou dos crups, com certeza os veremos novamente. — Hagrid disse a eles assim que retornaram para a cabana.
— Tirando o fato de que um deles me cegou por muito tempo, eles são adoráveis. — Harry respondeu, limpando suas roupas.
Erika também limpou a camisa em silêncio, ela pegou a ponta dela para sacudi-la vigorosamente e fez a sujeira sair com o movimento, o que, sem saber, fez com que o olhar de Hermione ficasse fixo em cada um de seus movimentos, o movimento deixou visível o abdômen da garota de olhos azuis, não completamente, mas um pouco. (Muito pouco, mas para Hermione foi o suficiente.)
Foi o suficiente para fazer Hermione sentir uma urgência terrível, como se fosse explodir.
Assim que eles se separaram de Erika no pátio do relógio, Hermione caminhou rapidamente até a sala comunal em busca de Ginny, ela não aguentava mais, ela não sabia o que tinha acontecido porque não conseguia nem olhar para ela no olhos quando eles subiram e ela estava conversando com Harry e Ron. Ela chegou em sua sala comunal com Harry e Ron, os dois subiram para seus quartos mas os olhos de Hermione procuravam por uma ruiva específica, quando a encontrou ela estava conversando com alguns amigos em uma das poltronas da sala comunal, por causa de suas expressões, parecia que eles estavam falando sobre algum boato que havia sido criado nos corredores. Percebendo que Hermione a chamava com uma cara que demonstrava urgência, ela se separou dos amigos e se aproximou de Granger que a pegou pelo pulso e a arrastou até os arredores da sala comunal. Elas caminharam rapidamente até o final do corredor para ter mais privacidade, onde Hermione rapidamente se virou para olhar para Ginny.
— Eu tenho... Um problema. — Hermione disse quase tremendo.
— Eu posso dizer, você está... Um pouco chateada. — a ruiva disse a ela com uma leve carranca.
Hermione suspirou um pouco tentando se acalmar, ela sentia que o que estava acontecendo com ela era alguma coisa mas ela não sabia o que era. Sim, ela estava aceitando seu gosto por garotas, mas Erika não facilitou as coisas! A Lufa-Lufa era fofa, ela não podia negar, mas se ela continuasse com aquele tipo de atitude como as que fazia com os cachorrinhos, Hermione não saberia como agir diante dela.
— Erika Frukke está me matando. — Hermione finalmente disse, ganhando totalmente a atenção de Ginny. — Ela é muito gentil, ela me entende muito bem, ela é cavalheiresca, ela é inteligente... Você já viu ela com um cachorrinho de crupe nos braços? É adorável...
Cada palavra que saía de sua boca era rápida, quase urgente, como se ela estivesse delirando. Ginny a observou com um rosto sereno enquanto ela franzia os lábios diante da súbita retaliação da amiga.
— Hermione...
— Além disso quando você a conhece bem você descobre que ela é até divertida, sim, ela é filha de um Comensal da Morte agora procurado pelo ministério, sim, ela pode se distrair um pouco com muitas coisas ou ficar calada de uma segundo para o próximo...
— Hermione...
— Ela me defendeu milhares de vezes! É considerado defesa quando você diz a um cachorrinho que não sou trouxa e sou uma bruxa como todo mundo? Afinal ela é uma sangue-puro... Mas ela trata os elfos da cozinha com muita naturalidade, não posso deixar de olhar para ela por mais tempo do que o normal toda vez que ela faz alguma coisa e...
— Pelo amor de Merlin, Hermione! — Ginny gritou alto fazendo a garota parar de falar abruptamente.
Com os olhos arregalados de surpresa, a garota mais velha olhou para a Weasley completamente congelada. Ginny suspirou profundamente, fechando os olhos e apertando a ponta do nariz. Sua amiga estava dando sinais claros e não percebeu.
— Se você mesmo não percebeu, farei com que você perceba. — Ginny murmurou suspirando. — Como você percebeu que gostava de garotas?
— Com o beijo de Viktor. — Hermione respondeu imediatamente. — Além de ter visto algumas meninas da sétima série depois do pequeno ataque de pânico que sofri...
— Bom. E teve uma garota específica que já fez você começar a duvidar da sua sexualidade antes, certo?
Hermione assentiu lentamente, franzindo a testa para tentar descobrir o que Ginny estava tentando dizer a ela.
— E aquela garota... É a Erika?
O rosto de Hermione automaticamente ficou vermelho, confirmando a hipótese de Ginny. A ruiva encarou a amiga por alguns segundos esperando ela ligar os pontos da situação, Hermione era esperta quando se tratava de lógica e estudos, mas para coisas emocionais? Talvez nesse aspecto ela estivesse faltando um pouco.
Foi como se as rodas emocionais de seu cérebro começassem a girar, ela achou Erika atraente desde que a viu falar sobre caranguejos de fogo e quando viu que era um assunto sobre o qual ela sabia muito. Mas isso não significava mais nada, ela apenas a achava fofa, nada mais.
— Bem, sim, eu admito. — Hermione finalmente disse. — Mas e isso? Eu só acho ela bonita, tem mais garotas que posso achar bonitas mas não entendo onde você quer chegar...
Ginny rosnou jogando a cabeça para trás, suspirou e colocou as duas mãos nos ombros de Hermione olhando para ela.
— Olhe bem para mim, você é inteligente e saberá processar o que vou lhe contar. — Ginny disse a ela de forma séria. — Você está gostando de Erika Frukke.
O rosto de Hermione não mostrou qualquer expressão por alguns segundos, Ginny ficou assustada pensando que tinha sido muito direta, mas quando viu as bochechas de sua amiga ficarem vermelhas ela sabia que tinha funcionado.
— C-Claro que não! Erika... Eu não... — Hermione gaguejou, olhando para qualquer outro lugar como se alguma pintura fosse ajudá-la com a situação. Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos, processando cada momento do dia e as palavras de Ginny, antes de finalmente admitir. — Ah... Acho que você está certa.
— Não é nada ruim, Mione. — Ginny a acalmou.
— Eu sei, mas... Ela é minha amiga!
— É assim que os sentimentos começam na maioria dos casos.
Hermione suspirou, mordeu os lábios e esfregou as mãos no rosto vigorosamente. Não foi bom descobrir que ela estava desenvolvendo sentimentos românticos por uma garota que estava se tornando sua amiga, ela não sabia por quê. Porque uma coisa era saber que ela se sente atraída por garotas, mas saber que ela se sente atraída por uma garota específica era... Avassalador. O que seus pais pensariam? Mas mais específico... O que ela pensaria?
— Provavelmente é temporário. — Hermione disse séria, movendo a cabeça suavemente de um lado para o outro. — No verão não a verei mais e meus sentimentos irão desaparecer.
Ginny apenas encolheu os ombros como se tentasse dizer a ela que se repetisse isso certamente passaria.
Mas Hermione tinha certeza que era temporário, o ano iria acabar, elas não se veriam novamente até o início do ano seguinte e quem sabe se elas continuariam conversando. Talvez Erika se tornaria a namorada da francesa e iria para Beauxbatons com ela. Havia muitas possibilidades.
Mas por dentro ela queria parar de ter sentimentos por uma garota.
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Faltavam alguns dias para o terceiro teste, o que significava que os alunos de Beauxbatons e Durmstrang partiriam em breve. Isso foi um alívio para Erika e Hermione, a Lufa-Lufa não tinha vontade de ver Adrienne depois de ela falar sobre Hermione sem conhecê-la e Hermione não tinha vontade de ver Viktor porque o estava evitando, mas tinha certeza que em algum momento ela iria tem que explicar tudo.
E esse momento parecia que aconteceria quando ela estava caminhando para sua sala comunal depois da aula e o búlgaro apareceu pedindo-lhe um momento. Nervosa, Hermione tentou inventar uma desculpa, mas o garoto, de maneira séria, mas mantendo o respeito e o tom suave, disse a ela que seria rápido.
— Não nos falamos desde que confessei meus sentimentos para você e você não me deu uma resposta... Não posso deixar de pensar que o fato de ter te beijado te deixou desconfortável. — Viktor disse a ela com um tom levemente arrependido.
— Isso não me incomodou... — Hermione respondeu num murmúrio, desviando o olhar.
— Gostaria de saber o que aconteceu, não quero ir embora sem saber o que causou seu desconforto.
— Eu... — Hermione pensou por alguns segundos, ela não se sentia preparada para vir e dizer do nada ao Viktor que ela não gostava de homens, era algo delicado e ela não sabia como ele reagiria. — Não foi o seu beijo, só me fez perceber que não sinto o mesmo por você.
O rosto de Viktor imediatamente ficou triste, era algo que ele temia mas preferiu ouvir aquelas palavras vindas dela antes de assumir completamente. O que Hermione mais temia era ver a cara notoriamente triste do garoto, afinal não era algo que ela gostasse, mas aquela cara triste durou alguns segundos enquanto Viktor ficava sério e olhava para ela atentamente.
— Fico feliz em saber que não ultrapassei nenhum limite com você. — Viktor disse aliviado. — Nesse caso, estaria tudo bem continuarmos amigos?
Isso era algo que Hermione não desgostava, pelo contrário, ela achava que Viktor era um bom amigo. E o fato de ele ter aceitado a rejeição dela com maturidade e não querer se aprofundar no motivo de sua rejeição fez com que Hermione apreciasse ainda mais sua proposta de amizade.
— Claro, podemos ser amigos. — ela respondeu com um sorriso.
Viktor sorriu de volta e se despediu dela, desejando-lhe um bom dia. Hermione o seguiu com os olhos e sentiu os ombros relaxarem. Ela não sabia o que teria feito se Krum tivesse reagido mal ao ouvir que ela não gostava dele.
Por outro lado, naquele mesmo momento, o quinteto de texugos com Cedric caminhava pelo lago negro. Justin pediu para dar um passeio lá novamente para que Ernie, Hannah e Susan pudessem ver que a lula gigante dizendo olá quando eles visitaram. Ernie permaneceu incrédulo durante todo o caminho e não importa o quanto Erika e Cedric lhe disseram que ele realmente os havia cumprimentado semanas atrás, ele ainda negou o que tinha ouvido.
Eles chegaram à costa onde Ernie desafiou Cedric para um duelo de arremesso de pedras, o mais velho aceitou imediatamente enquanto os quatro restantes reclamaram. Erika começou a caminhar ao longo da costa observando o movimento da água enquanto ouvia Ernie reclamando sobre como Cedric era bom demais em tudo.
— Você fará alguma coisa no verão? — uma voz, Susan, perguntou atrás dela.
Erika parou de andar e ergueu os ombros, franzindo os lábios.
— Não faço ideia, talvez eu passe o verão na casa dos Diggory e procure gnomos de jardim na floresta perto de casa.
— Conta como treino de Quadribol, certo? — a ruiva disse brincando, fazendo Erika rir, que assentiu. — Aliás, pensei que você não gostasse muito de contato físico.
Erika olhou para ela com uma cara cheia de curiosidade.
— O que você está falando?
— Você abraçou Hermione outro dia. — a garota lembrou, vendo os olhos da amiga se abrirem mais. — É bom saber que você está se aproximando dela.
— Foi a emoção do momento. — Erika argumentou rapidamente, olhando para o chão novamente. — Mas também estou feliz por ter me aproximado dela... Bem, não só dela, de Harry e Ron também. — esse último ela soltou rapidamente, quase ficando preso.
Susan riu e por sua vez ouviu-se um grito de Cedric, elas se viraram e viram como Hannah e Justin estavam rindo ao ver que o moreno estava encharcado ao lado de Ernie que aparentemente havia pregado uma peça nele para vencer a competição que ele mesmo havia criado. Claro que o mais velho não ficou calado, ele sacou sua varinha e começou a jogar Aguamenti tanto em Ernie por ser um trapaceiro quanto em Hannah e Justin por rirem dele. Um Justin irritado se aproximou deles e entrou no lago para jogar água neles diretamente do lago, Ernie reclamou dizendo que não era justo enquanto ria e Hannah olhou para Susan e Erika que ainda estavam secas.
— Oh não. — Erika murmurou ao ver Hannah correndo em direção a elas com a varinha na mão.
A loira lançou o feitiço para começar a atirar água enquanto Susan e Erika corriam rindo, Susan foi pega por Cedric que a levou para o lago encharcando-a enquanto ria e Erika foi pega por Ernie e Justin que a levaram para a água enquanto Hannah pegou a água com as mãos e jogou nela.
Uma grande briga de água estourou entre os seis, que, rindo e reclamando, ficaram encharcados da cabeça aos pés, tendo que voltar para o castelo por ali. Tentaram passar despercebidos, mas Pirraça os traiu, contando isso para Snape, que os repreendeu por retornarem ao castelo naquele estado sem qualquer motivo. E claro, 30 pontos a menos para a Lufa-Lufa.
Mas o que importavam aqueles 30 pontos a menos, eles tinham se divertido juntos, não como Snape, que não sabia como se divertir.
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A aula de Transfiguração terminou com McGonagall lembrando-lhes que eles não podem sair por aí transformando qualquer animal que vejam em algo que ainda não tenham certeza de como fazer. Dito isto, desde que um aluno do sexto ano da Corvinal transformou um rato de jardim em uma vassoura, terminando em algo horrível e perigoso para o animal.
— Eu pensei que os Corvinais eram espertos. — Pansy foi ouvida murmurando, fazendo rir duas garotas da mesma casa.
Susan revirou os olhos com aquele comentário enquanto estava sentada ao lado de Erika que segurava uma risada. Ela tinha que admitir que o que aquele garoto tinha feito tinha sido um pouco estúpido a ponto de todo ano ele receber uma bronca de modo que algo assim não aconteceria novamente. Ernie, sentado na frente delas, se virou e fez uma careta relacionada à situação que a professora contou, fazendo a menina de olhos azuis rir alto demais.
— Estudantes cometendo atrocidades são uma piada para você, Frukke? — a professora repreendeu.
O loiro rapidamente se virou para ficar de pé, contendo uma risada enquanto Erika congelou no lugar, seu rosto pálido começando a ganhar uma cor avermelhada devido ao constrangimento de ter a atenção de toda a sala. Susan suspirou, Ernie sempre colocava Erika em apuros e vice-versa.
Absolutamente todos se viraram para olhar para ela com expectativa em sua resposta.
— Não... É só... — Erika gaguejou, tentando encontrar uma desculpa que não fosse culpar Ernie. Finalmente ela desistiu e suspirou derrotada, totalmente envergonhada. — Desculpe, isso não vai acontecer de novo.
— Claro que não vai acontecer de novo. Fique depois da aula.
Incrédula ela olhou para a mulher que não dava sinais de estar brincando, virando-se silenciosamente para continuar sua caminhada e sua conversa sobre segurança quando se tratava de transformações. Risadas foram ouvidas e ela instintivamente procurou por Hermione que a olhou com um pequeno sorriso zombeteiro e então se virou.
Ela iria começar a escrever quantas vezes fez Hermione rir de seus infortúnios.
No final da aula todos estavam saindo da sala, Draco olhou para ela com um sorriso zombeteiro assim como Pansy e suas duas amigas, ela não conversava muito com aquelas duas garotas mas ultimamente elas passavam um tempo com Parkinson quando ela não estava com Nott e Zabini, eram Tracey Davis e Daphne Greengrass, duas garotas da Sonserina com quem morou um ano. Ambas eram legais, lindas como Pansy e claramente compartilhavam as mesmas atitudes, mas ela tinha certeza de que Tracey foi quem a ajudou no terceiro ano durante aquela partida de quadribol onde Harry perdeu a consciência e caiu no vazio com ela. Parece que ela sabia alguma coisa sobre primeiros socorros.
Os amigos dela saíram e Ernie se desculpou com uma careta, o primeiro instinto de Erika foi mostrar o dedo médio para ele.
Ela se aproximou da mesa da professora esperando que ela começasse a repreendê-la. Ela ficou com a bolsa no peito por um longo tempo até que a mulher terminasse de escrever algo em um pedaço de pergaminho.
— Em primeiro lugar, às vezes há coisas que acontecem por consequência dos outros e não devemos assumir responsabilidades que não nos correspondem. — Minerva disse, olhando para cima.
Erika mordeu a língua, a professora sabia que Ernie era quem a fazia rir.
— Segundo, se você puder entregar este documento ao Sr. Diggory. São as mudanças de horário dele para a patrulha de monitores, agora que a última prova está chegando, a Professora Sprout me pediu algumas mudanças.
— Você não vai me repreender? — Erika perguntou surpresa enquanto pegava o papel.
— Apenas o conselho de que você não deve sempre assumir a culpa por algo que não fez. — levantando as sobrancelhas e encerrando seriamente a conversa.
A garota de olhos azuis saiu da sala colocando o papel em sua bolsa. Ela esperava que Ernie estivesse lá fora esperando para se desculpar e perguntar o que McGonagall havia dito a ela, mas em vez de esbarrar em seu amigo alto e loiro, ela se deparou com uma garota de cabelos pretos em um uniforme azul claro e de seda. Seus olhos escuros a encararam enquanto ela estava encostada na parede com os braços atrás das costas, olhos escuros que se suavizavam quando se conectavam com os azuis claros da Lufa-Lufa.
— Seu amigo me contou que te puniram. — Adrienne disse se aproximando dela. — Eu não sabia que você era rebelde.
Erika permaneceu em silêncio, depois da sua atitude naquele dia da semana de Páscoa ela não se sentiu confortável em falar como se nada tivesse acontecido. Adrienne havia insinuado coisas horríveis sobre Hermione, sua amiga, além de lhe lançar olhares de reprovação quando elas se esbarraram nas três vassouras.
A francesa percebeu que a garota desviou o olhar sem jeito e suspirou.
— Olha, eu sei... Eu falei coisas sobre... Jormine?
— Hermione. — a garota de olhos azuis corrigiu com um leve tom de aborrecimento.
— Sinto muito, ok? Quero consertar as coisas e fazer tudo certo. — disse ela, indo pegar a mão de Erika.
— Você falou mal de alguém que você não conhece. — Erika disse tirando a mão do aperto da garota de cabelos pretos. — E acontece que ela é minha amiga. Por que você está se desculpando comigo se é dela que você estava falando mal?
Adrienne suspirou, transformando seu rosto arrependido em irritado.
— Não me importo com mais ninguém, Erika. Só você. — Adrienne disse séria. — Quero que fiquemos bem, você não gostaria de ir para Beauxbatons comigo um dia?
— Se você só se preocupa com você mesma então não podemos fazer nada. — franzindo a testa, Erika agarrou a alça de sua bolsa. — Eu ouço pessoas falando mal de Hermione todos os dias e ouvir isso de você, alguém totalmente alheio à escola, me decepcionou.
A francesa bufou incrédula, olhando em volta, o rosto da Lufa-Lufa estava sério e ela notou que seu aperto na alça da bolsa se aprofundou. Se havia uma coisa que Erika Frukke odiava, era que elas falavam de outras pessoas quando não as conheciam, neste caso Adrienne não tinha ideia de quem era Hermione Granger. Ela não conseguiu encontrar um motivo para sua rejeição além do que aconteceu com Skeeter, a francesa não tinha se preocupado com isso e de repente ela se preocupou quando a Grifinória tocou no assunto.
— Por que você está defendendo a garota Granger? Ela é uma s...
— Uma o quê? — Erika interrompeu imediatamente de forma irritante, com os olhos abertos esperando uma resposta. — Você não a conhece, então me esclareça. É o quê?
A francesa bufou irritada, rosnou, franzindo os lábios e cruzando os braços enquanto brincava com a língua dentro da boca.
— Uma nascida trouxa, alguém... Indigna de magia. — Adrienne disse, com uma expressão relutante.
Erika nunca sentiu tanta raiva surgir de repente dentro dela. Ela soltou um suspiro de descrença, mordeu o lábio inferior em aborrecimento e balançou a cabeça em descrença com o que acabara de ouvir.
— Acredite, ela é mais digna de magia do que você e eu juntas. — Erika começou a se aproximar de Adrienne quase a desafiando. — Não sei quem te contou isso e também não me importo, mas se você é esse tipo de pessoa e ainda mais quando é uma amiga, então eu não quero mais que você fale comigo.
A menina de cabelos negros olhou para ela incrédula, mas ao notar o rosto tenso de Erika soube que ela estava falando sério. Um sorriso torto começou a aparecer em seu rosto; a garota de olhos azuis não sabia o que havia de tão engraçado na situação.
— E agora? Você vai parar de falar comigo e me esquecer por ela?
— Sim. Porque se você não sabia, meu melhor amigo também nasceu trouxa. — a cada passo que Erika dava, Adrienne recuava até que finalmente suas costas encostaram na parede. — E não vou tolerar que você insulte meus amigos.
— Meu problema não é com seu amigo, Erika.
— Não estou interessada. — Erika disse. — Não sei se você está com ciúmes de Hermione ou algo assim mas falar dela desse jeito não é o certo e não prometo ser legal na próxima vez que ouvir você falar mal dela.
Por fim, ela se afastou um pouco da francesa sem tirar o olhar dela, um olhar cheio de raiva, um olhar que, segundo Adrienne, escureceu suas íris, fazendo-a estremecer um pouco.
— E espero que esta seja a última vez que ouço você falar em geral. — Erika disse com a voz soando um pouco mais profunda e então se virou e caminhou em direção à sua sala comunal, deixando a francesa totalmente incrédula e indignada no meio do corredor.
Erika defendendo Hermione >>>>
Mais dois capítulos e o primeiro ato termina!
Até breve. ❤️❤️
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